Criar filhos, sabemos, é uma tarefa hercúria porém, gratificante. Ser pai e mãe é assumir um compromisso com o desenvolvimento moral, ético, espiritual, emocional, e social de um ser humano totalmente aberto aos novos aprendizados e modelos que vivenciará durante a vida. Faz parte da nobre tarefa de educar, capacitar emocionalmente os filhos a enfrentar os desafios e as barreiras do caminho que aliás, os fortalecerão para as grandes batalhas da vida adulta.
Mas, o retrato que comumente vemos é que em meio ao desejo de fazer o bem aos filhos, o melhor possível, uma ansiedade acompanha os pais que temem errar, temem que os filhos sofram, temem que se frustrem, temem que fracassem e temem fracassar. Neste cenário de medo, nasce um impulso de querer “fazer justiça” e defender a “prole” de qualquer ameaça. Isto faz com que os pais mais ansiosos se antecipem e partam em direção a qualquer objeto visto por eles como “agressor”. O agressor no caso pode ser a escola que suspendeu o filho por indisciplina, o vizinho que reclamou do excesso de barulho, a tia que repreendeu os palavrões, o colega que não quis brincar,ou qualquer estímulo negativo que possa lhe causar sofrimento.
Pais que evitam a qualquer custo que os filhos sofram não estão ensinando-os a se defender, a conversar, a serem críticos e responsáveis por seus atos, a se colocar no lugar dos outros, a conviver socialmente.
Existem ainda alguns pais que acham que o filho SEMPRE está certo e não se dão ao trabalho de analisar a situação como um todo. Fazendo isso, os ensinam a não ter crítica e a enxergar a “meia verdade” que lhes convém.
Admitir os erros é habilidade essencial para a saúde psíquica de uma pessoa e para a formação de seu caráter. Certamente não é projeto de nenhum pai criar filhos inseguros e medrosos, com baixa habilidade social e incapacidade para enfrentar desafios.
Os filhos crescem e os pais não são eternos e um dia deixarão seus “dependentes” no mundo, tendo que lidar com seus medos e frustrações, obrigados a amadurecer a duras penas. Para formar filhos que sejam capazes emocionalmente, cabe aos pais deixá-los errar, encorajá-los a assumir os próprios atos, a resolver seus conflitos sozinho, a ter empatia, a serem justos e sinceros, a “criar casca” para viver de forma autônoma.
Pessoas que são incentivadas a enfrentar seus problemas se tornam mais seguras e fortes, sem medo da vida e com consciência de que as dificuldades virão, mas com a certeza de que serão capazes de enfrentá-las.
Para isso, os próprios pais devem aprender a esperar e segurar seu impulso de resolver a vida de seus filhos.
A melhor realização para um pai, é saber que na sua falta, seu filho saberá exercer e exigir respeito, resolvendo com firmeza e coragem seus próprios conflitos.
Silvia Barros
Psicóloga clínica
www.silviabarros.com
Contato: Tel (19) 32941005
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